Câmeras do crime: Comando Vermelho cria rede de vigilância para driblar polícia no Rio de Janeiro

gazetafluminense
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Sistema de monitoramento em favelas da Penha, Alemão e Gardênia reforça o domínio do tráfico e desafia o Estado. Operação conjunta das polícias Civil e Militar busca desarticular a estrutura tecnológica do Comando Vermelho.

O narcotráfico fluminense avança em sofisticação tecnológica e consolida um novo método de controle territorial. Para garantir a segurança de seus líderes e antecipar ações policiais, criminosos do Comando Vermelho (CV) instalaram câmeras de vigilância em diversos pontos dos complexos da Penha e do Alemão, na Zona Norte do Rio de Janeiro.

O sistema, segundo fontes da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), funciona como um verdadeiro “circuito de guerra”, permitindo aos traficantes monitorar em tempo real a movimentação de viaturas e agentes nas comunidades. As câmeras, estrategicamente posicionadas em postes e becos, são controladas remotamente por integrantes da facção e contam com sensores de movimento e capacidade de rotação, garantindo ampla cobertura visual.

A estratégia criminosa tem um claro objetivo: impedir o efeito surpresa das incursões policiais. O sistema permite alertar rapidamente os olheiros, conhecidos como “vapores”, que repassam as informações a líderes escondidos dentro das favelas.

De acordo com a DRE, o esquema foi identificado durante uma megaoperação conjunta das polícias Civil e Militar realizada nesta semana nas comunidades da Penha e do Alemão. O alvo principal foi “W.”, apontado como um dos responsáveis pela instalação e manutenção do sistema de câmeras. Ele também aparece em vídeos obtidos pelos investigadores ministrando treinamentos de tiro para novos integrantes do Comando Vermelho.

O uso de câmeras e equipamentos de alta tecnologia já se tornou um padrão dentro da estrutura do tráfico carioca. Recentemente, a comunidade da Gardênia Azul, na Zona Oeste, também passou a contar com o mesmo tipo de vigilância, mostrando a expansão do modelo de controle territorial digital.

Autoridades de segurança classificam a tática como “terrorismo urbano”, uma forma de intimidação e domínio que desafia a soberania do Estado. O tráfico se sofisticou e busca reproduzir estruturas típicas de forças armadas, com comunicação, vigilância e inteligência. O combate precisa ser igualmente estratégico.

O governo do Rio de Janeiro reafirmou seu compromisso no enfrentamento ao narcotráfico e anunciou que novas ações integradas e permanentes estão sendo planejadas para retomar o controle das áreas dominadas.

Enquanto isso, moradores das comunidades vivem sob dupla vigilância — a das câmeras do tráfico e a do medo. O avanço da criminalidade tecnológica é um lembrete claro de que o combate ao narcotráfico no Rio exige força, inteligência e união das instituições.