Assessor especial de Lula reforça a necessidade de o Brasil adotar uma postura firme em defesa da América do Sul; Lula viajará à Colômbia para discutir o tema com líderes da região.
O assessor especial da Presidência da República para assuntos internacionais, Celso Amorim, afirmou nesta quinta-feira (6) que o Brasil precisa adotar uma postura clara e estratégica em defesa da América do Sul, diante da crescente tensão provocada por uma operação militar dos Estados Unidos nas imediações da Venezuela, ordenada pelo ex-presidente Donald Trump.
Durante um evento em Brasília, Amorim destacou que a situação representa um risco direto para a estabilidade regional, especialmente por envolver áreas próximas à fronteira brasileira. Segundo ele, não se trata apenas de um debate geopolítico distante, mas de um problema que toca diretamente a segurança nacional.
“Nós temos que defender a América do Sul. Nós vivemos aqui. O Brasil tem fronteira com dez países. Não estamos discutindo uma coisa distante por razões humanitárias, políticas ou geopolíticas. Estamos discutindo algo na nossa fronteira praticamente. É natural”, afirmou o ex-chanceler e principal conselheiro internacional do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Diante da escalada de tensões, Lula deve interromper temporariamente sua agenda da COP-30, em Belém (PA), para viajar à Colômbia no próximo sábado (8). O objetivo é participar de reuniões bilaterais e multilaterais com outros líderes da região, buscando uma posição conjunta da América do Sul sobre o tema.
O encontro antecede a cúpula de líderes da CELAC (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos) com a União Europeia, marcada para o domingo (9), em Santa Marta, onde o assunto deverá dominar as discussões diplomáticas.
Nos bastidores, fontes do Palácio do Planalto afirmam que o governo brasileiro enxerga a movimentação militar norte-americana como uma provocação desnecessária, que pode aumentar a instabilidade política e humanitária na região. Amorim, por sua vez, defende um papel mais ativo do Brasil na mediação e na construção de uma resposta regional equilibrada.
“Não se trata de escolher lados, mas de garantir que a América do Sul permaneça uma zona de paz, livre de interferências externas que só trazem instabilidade”, completou o embaixador.
A viagem de Lula à Colômbia ocorre em meio à retomada da agenda diplomática sul-americana de seu governo, que tem buscado reaproximar os países do continente e fortalecer blocos regionais como UNASUL e CELAC, em contraposição à influência crescente de potências extrarregionais nos assuntos locais.
Com a crise venezuelana novamente no centro das atenções, a postura brasileira nas próximas semanas será observada atentamente por Washington, Caracas e Bogotá, podendo definir os rumos da política externa sul-americana nos próximos meses.








